Redação ENEM: “É justo proibir o uso do celular na sala de aula?”

Redação ENEM: Celular em Sala de Aula

Tema: É justo proibir o uso do celular na sala de aula?

Redação ENEM: Celular em Sala de Aula

Em defesa da lei

No meu entender, a nova lei vem em boa hora e os seus objetivos são mais do que justos. A proibição quer evitar que as aulas sejam frequentemente interrompidas pelo toque dos aparelhinhos, que os alunos se distraiam conversando com os amigos ou mandando torpedos e que atrapalhem os colegas. Além disso, vai impedir também os abusos, como no caso de estudantes que usam o telefone para colar nas provas. Eles usam mensagens de texto para passar cola com os celulares, sabia? Tem até quem tire foto da prova ou de uma questão e passe para um amigo de outro turno.

[Depoimento de professor à Página 3 Pedagogia & Comunicação] 

Dar um basta

Boné e celular dentro da sala de aula são um claro desrespeito dos alunos para com os professores e seus colegas. Os pais perderam o controle sobre seus filhos. Agora alguém terá que impor regras e disciplinas. Estamos vivendo tempos de egoísmo, onde cada um só pensa em si mesmo. Isso tem que mudar, pois estamos assistindo menores engravidando, menores assaltando e menores cometendo os mais variados tipos de crime, desde xingamento aos próprios pais até o consumo de todo tipo de drogas. Está na hora de dar um basta.

[E-mail de internauta para o UOL Educação, por ocasião da notícia sobre a proibição em Juiz de Fora (MG).]

É proibido proibir

O Estado proibir os celulares dos alunos em sala de aula me parece um exagero, na medida em que viola o direito de a pessoa ir e vir com seus bens, atenta à dignidade da pessoa humana e também interfere no direito à segurança. Em muitos casos, o equipamento pode ser utilizado para afastar riscos ou danos às pessoas ou terceiros. Imagine, por exemplo, um professor descontrolado, que impõe um castigo cruel ao aluno. É raro? Sim, mas ninguém vai negar que pode acontecer. Além disso, vamos e venhamos, o Estado precisa se intrometer numa questão como essa? A escola, por si só, não tem autoridade para estabelecer a proibição?

[Depoimento de educador à Página 3 Pedagogia & Comunicação]

Um caso extremo

Vamos a um caso fictício: em uma sala de aula, em escola particular no Estado de São Paulo, duas alunas começam uma briga. A roda se forma, as meninas caem no chão e em alguns minutos o professor que estava fora da sala intervém e as alunas, machucadas, são levadas à enfermaria, uma claramente mais ferida, com cortes no rosto e o nariz sangrando. Esta cena, apesar de lamentável, não seria tão incomum assim, não fosse o fato de um aluno ter filmado todo o ocorrido com seu ultracelular, em altíssima resolução. Publicar na internet? Ele vai além e exige sexo com a adolescente para que o vídeo não seja divulgado.

[Dr. José Antônio Milagre, advogado, no Webinsider]

Proposta 

Tendo como base as ideias apresentadas nos textos acima, os inscritos fizeram uma dissertação sobre o tema É justo proibir o uso do celular na sala de aula?

Texto para análise

Uma proibição necessária

Atualmente, um assunto que vem despertando a atenção não só da comunidade escolar, mas da sociedade como um todo, é a proibição do uso de celulares e bonés pelos estudantes na sala de aula. A discussão acirrou-se após a restrição do uso desses objetos na rede municipal de ensino de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Apesar da polêmica instaurada, cremos que os proibir na escola é a melhor solução.

No que se refere ao celular, a proibição do seu uso em sala de aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente em que o estudante está. A sala de aula é um local de aprendizagem, onde o discente deve se esforçar ao máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o celular é um aparelho que só vem dificultar a relação ensino-aprendizagem, visto que atrapalha não só quem atende, mas todos os que estão ao seu redor.

Quanto ao boné, a restrição de seu uso em sala de aula se deve a uma questão de educação e respeito pela figura do mestre. Deve-se ter em mente que o professor – assim como os pais e as autoridades religiosas – merece todo o respeito no exercício do seu ofício, que é o de transmitir conhecimentos. Do mesmo modo que é mal-educado sentar-se à mesa com um chapéu na cabeça, assistir a uma aula usando um boné também o é.

Por outro lado, alguns entendem que o Estado não poderia proibir os celulares e bonés em sala de aula, visto que violaria o direito da pessoa de ir e vir com seus bens. Entretanto, devemos ter em mente que não existe direito absoluto, todos são relativos. E sempre que há um conflito entre eles, deve-se realizar uma ponderação de valores, a fim de determinar qual prevalecerá. No caso em análise, o direito da coletividade (alunos e professores) prevalece sobre o direito individual de usar o celular ou o boné na sala de aula.

Desse modo, percebe-se que há razoabilidade nos objetivos pretendidos pela proibição, visto que beneficia toda a comunidade escolar. Os estudantes devem se conscientizar que escola é sinônimo de aprendizagem e que todo esforço deve ser feito para valorizar o processo de ensino e a figura do professor.

Celular: mocinho ou vilão?

A proibição do celular em sala de aula pelo Governo tem sido questionada como sendo um afronte à liberdade individual. Todavia, o uso deste aparelho em instituições de ensino atrapalha o bom rendimento do discente, prejudicando, assim, a média escolar. Ademais, essa atitude representa um desrespeito que se insere em uma série de comportamentos questionáveis, contrários ao que pregava o pedagogo Paulo Freire, que, infelizmente, têm sido verificados nos educandos, o que cabe análise das tratativas e possível solução da problemática.

A transmissão do saber, em muitos países, especialmente no Japão e em outros asiáticos, é entendida como uma atividade quase sagrada, merecedora de respeito e dessa maneira o é. No Brasil, infelizmente, a realidade é bem diferente: há uma cultura, perceptível em muitos sambas do Chico Buarque enaltecedores do malandro, permissiva ao “engraçado” aluno bagunceiro; muitas vezes, o mesmo que acha normal o lamentável hábito de ignorar o professor para mexer no celular.

Outrossim, de acordo com as normas do Ministério da Educação (MEC), as notas de todos os estudantes, dividida pelo número destes, funcionam como parâmetro de gestão, em que a instituição analisada pode ser agraciada, ou não, inclusive com premiações financeiras, devido a um bom rendimento. Desse modo, quando o desempenho de alguns pupilos cai, os dados referentes ao coletivo são rebaixados, influenciando negativamente as oportunidades da entidade de receberem aporte por causa de um uso indevido de Smartphone em sala de aula, o que poderia ser evitado.

É, por conseguinte, importante que o MEC ratifique a proibição por meio de notificação oficial às escolas públicas e privadas, com esclarecimento dos motivos em reunião com os pais, e alerte a estes das consequências que os filhos enfrentarão caso não cumpram a proibição, de maneira a facilitar a disciplina nas escolas. Ademais, é aconselhável que as aulas de educação e cívica, presentes na grade currícular de outrora, sejam restauradas pelo mesmo órgão educacional citado, viabilizando menso bagunça nos educandários. Assim, o discípulo verá, na restrição, a razão do ato, aprendendo o valor de se respeitar o mestre não utilizando o celular na academia.

2 problemáticas:

  1. o uso do celular para navegar na web atrapalha o bom rendimento individual e, consequentimente, a média escolar sofre um decréscimo
  2. a utilização do ceular representa um desrespeito que faz parte de uma série de comportamentos errados, infelizmente, vistos em sala de aula

2 soluções:

  1. ratificar a proibição, pois o interesse da maioria deve prevalecer ao indivíduo quando essa é prejudicada por este
  2. reinstaurar as aulas de educação e cívica de antigamente, quando o aluno era ensinado sobre a importância do respeito às figuras de autoridade

O celular está fora de área

A proibição do celular em sala de aula pelo Governo gerou algumas críticas, principalmente no que diz respeito ao direito individual de ir e vir portando os próprios pertences, conforme previsto na constituição de 1988. Todavia, quando há perturbação ao coletivo, o interesse deste, obviamente, deve prevalecer. E é o que a normativa defende, pois a utilização do celular deprecia a média das notas e faz parte de um conjunto de comportamentos questionáveis, o que cabe análise das tratativas e possível solução da problemática.

A soma da pontuação de cada estudante, dividida pelo total, é um dado utilizado na gestão da verba destinada às instituições educacionais pelo Ministério da Educação (MEC), para premiar, ou não, essas de acordo com a classificação nacional. Sendo assim, um mal desempenho de um aluno, que navega na web em conteúdos não relacionados à aula em aparelhos de telefonia móvel, pode interferir no destino de todos de maneira injusta.

Quanto às contestáveis atitudes dos pupilos para com os mestres, das quais a utilização do telefone na classe representa apenas um ponto, parece estar ligada a uma degradação cultural, presenciada em vários sambas do Chico Buarque enaltecedores do malandro, em que o afrontamento contra a autoridade é visto como positivo e até parabenizado pelos pais, que gostam de contar histórias sobre como estes eram um “capetinha” quando criança, atitude deplorável que corrobora com o problema.

É, por conseguinte, importante que a escola ratifique a proibição por meio de uma reunião com os pais, onde serão apresentadas as consequências de se desobedecer a normativa, de forma a conscientizá-los e tê-los como aliados acerca do agir dos filhos, instruindo-os a não utilizar os smartphones no educandário. Ademais, é importante que o MEC reinstaure as aulas de moral e cívica presentes da grade curricular de outrora por meio de notificação oficial com detalhes instrutivos em cartilha, para que a disciplina seja reforçada. Assim, o educando verá, na restrição, a razão do ato, aprendendo o valor de se respeitar o mestre.

2 problemáticas:

  1. celular dificulta a concentração
  2. representa apenas um ponto entre comportamentos desrespeitosos

2 soluções

  1. ratificar a proibição em uma reunião com os pais, onde serão apresentadas as consequências como forma de conscientizá-los e tê-los como aliados na causa
  2. reinstaurar as aulas de moral e cívica de outrora

Pelo direito à escolha

No livro Cauda Longa, de Chris Anderson, um dos teóricos acerca da web mais respeitados mundialmente, é destacado o quanto as novas tecnologias nos possibilitaram variadas escolhas em um mercado que antes era liderado tediosamente apenas pelos Block Busters. Portanto, é ultrajante remover as infinitas possibilidades que um celular na mão de alunos representa. Ver o Estado, parabenizado por professores que não sabem, sequer, criar um blog, proibir a utilização do celular em sala de aula é deprimente, o que merece análise das tratativas e possível solução da problemática.

Desde a Era Industrial convencionou-se escolas com um “mestre” à frente e pupilos sentados, como ouvintes passivos. Contudo, a realidade mudou. Atualmente, há um universo de informações virtuais a um clique, onde infinitos mentores, sobre diversos assuntos, disponibilizam texto, áudio, vídeo e imagens que, integrados à grade curicular, propicionariam, inclusive, uma educação mais dinâmica e anexada ao mercado, já que o educando poderia, também, ser protagonista do próprio aprendizado e publicar artigos online por meio dos telefones móveis.

Ademais, os discípulos de Aristóteles, filósofo expoente da Grécia Antiga, eram tratados como Peripatéticos, ou “aqueles que passeiam”, pois o ensinamento, ao contrário do absurdo atual, não era entre quatro paredes. É, então, estarrecedor que instituições educacionais, além de terem regredido, queiram negar o presente e tolham os estudantes de um futuro promissor, que demanda, sim, o uso dos smartphones, pautado na realidade atual.

É, por conseguinte, importante que essa lei incoerente seja revogada pelo Legislativo e os aprendizes tenham mais liberdade para escolher mediante uma grade curricular dinâmica, que o Ministério da Educação (MEC) deveria flexibilizar ao disponibilizar novas opções com matérias relacionadas à tecnologia, incentivando o uso desta. Outrossim, cursos deveriam ser ministrados, por meio de verba disponibilizada pelo Executivo, de forma a capacitar educadores no trato com as plataformas online, tendo-as como aliadas ao invés de repudiá-las. Assim, respeita-se a individualidade dos pupilos e assegura-se uma educação brilhante com o celular em mãos, sendo utilizado de corretamente.

2 problemáticas:

  1. o ambiente escolar apenas com um professor a frente é limitado
  2. os professores não sabem utilizar as novas tecnologias

2 soluções

  1. anular a lei de proibição aos celulares em sala de aula
  2. prover cursos de capacitação tecnológica aos professores