Preconceito Linguístico: Redação para o ENEM

Preconceito Linguístico, Redação

Tema: Como se pode intervir na questão do preconceito linguístico no Brasil?

A partir dos seus conhecimentos e sobre os textos a seguir, escreva um texto dissertativo-argumentativo, com 25 a 30 linhas, sobre o tema:

O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL

A ideia de que a linguagem utilizada pela classe dominante é a “correta” é muito difundida por não entendermos a diferença de gramática normativa e gramática internalizada. A última se fundamenta somente pelo que o falante teve de bagagem de escolaridade, convívio social, cultura local. Por essa problemática, escreva um texto dissertativo-argumentativo, apresentando respostas, veiculadas por meio de argumentos convincentes sobre o seguinte tema: como se pode intervir na questão do preconceito linguístico no Brasil?

TEXTO 1

Preconceito Linguístico: O que é, como se faz?

“A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”

Ora, a verdade é que no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande extensão territorial do país — que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito —, mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo o mundo. São essas graves diferenças de status social que explicam a existência, em nosso país, de um verdadeiro abismo lingüístico entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro — que são a maioria de nossa população — e os falantes da (suposta) variedade culta, em geral mal definida, que é a língua ensinada na escola.

Como a educação ainda é privilégio de muito pouca gente em nosso país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domínio de uma norma culta. Assim, da mesma forma como existem milhões de brasileiros sem terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem milhões de brasileiros sem língua. Afinal, se formos acreditar no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta, empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelos órgãos do poder — são os sem-língua. É claro que eles também falam português, uma variedade de português não-padrão, com sua gramática particular, que no entanto não é reconhecida como válida, que é desprestigiada, ridicularizada, alvo de chacota e de escárnio por parte dos falantes do português-padrão ou mesmo daqueles que, não falando o português-padrão, o tomam como referência ideal — por isso podemos chamá-los de sem-língua.

O Preconceito Linguístico: O que é, como se faz; BAGNO, Marcos; Edições Loyola; Ed. 2002

TEXTO 2

Livro didático aprovado pelo MEC aceita erros de concordância

Autores defendem uso da linguagem popular, afirmando que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva.

“Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”. O fato de haver, nesta frase, a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro, conforme o volume “Por uma vida melhor”, da coleção “Viver, aprender”, livro didático aprovado pelo Ministério da Educação – MEC.

Em um outro exemplo, os autores mostram que não há problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”. Ao defender o uso da linguagem popular, os autores afirmam que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva.

Segundo os autores, o estudante pode correr o risco “de ser vítima de preconceito lingüístico” caso não use a norma culta. O livro da editora Global foi aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático.

Um trecho ainda destaca: “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas lingüísticas”.

Uma das autoras do livro, a professora Heloisa Ramos, declarou que a intenção era deixar aluno à vontade por conhecer apenas a linguagem popular, e não ensinar errado.

http://novohamburgo.org/site/noticias/educacao/2011/05/12/livro-didatico-aprovado-pelo-mec-aceita-erros-de-concordancia/

TEXTO 3

Preconceito Linguístico, Redação

As novelas da Rede Globo são um exemplo de como o nordestino é retratado como inferior, sempre colocado como ignorante cômico que fala errado. Esse preconceito linguístico ocorre devido às diferenças de classe social e pode, inclusive, ser punido por lei. Todavia, não é o que ocorre, visto que esse padrão de prejulgamento é repetido na sociedade. Assim, cabe análise das tratativas e possível solução da problemática.

Nesse viés, é significativo ressaltar que padrões do idioma culto são considerados errados, sim, de acordo com empresas de recursos humanos, no mercado de trabalho. Contudo, é importante frisar que, no dia a dia, o indivíduo se expressa de acordo com a escolaridade e experiências de vida que possui. Desse modo, não é correto humilhar pessoas que fujam da regra gramatical vigente nos colégios.

Ademais, os linguístas, estudiosos da história de variados idiomas no planeta, destacam que o importante mesmo é se comunicar de acordo com o ambiente em que se esteja. Dessa forma, mesmo o o falante da norma culta corre o risco de ser vítima de piadas ao se pronunciar para um público que não esteja de acordo com o interlocutor esperado, o que também seria absurdo, visto que a comunicação não foi prejudicada e, de acordo com a Constituição, de 1988, todos os cidadãos devem ser vistos como iguais.

O Legislativo, por conseguinte, deveria patrocinar, por meio de verba destinada ao Ministério da Educação com votação transparente na câmara, vídeos educacionais a serem veiculados em canasi televisivos de massa sobre a importâcia de se respeitar as variações linguísticas do idioma brasileiro para que haja menos preconceito na sociedade. Espera-se, assim, que ninguém mais sofra represálias pelo modo como se expressa.

Como se pôde notar nas eleições para governador de Minas Gerais em 2018, Zema foi vítima de preconceito linguístico, pois era um candidato do interior que concorria com Anastasia, da capital. Em vista disso, é possível constatar que há variações do idioma e chacotas, inclusive, dentro do próprio estado federativo. Todavia, essas atitudes são lamentáveis e passíveis de punição na lei, o que leva à análise das tratativas e possível solução da problemática.

Nesse viés, é significativo ressaltar que alguns programas televisivos, como as novelas da Rede Globo, ratificam o preconceito linguístico ao retratar nordestinos sempre como personagens cômicos que falam errado. Esse tipo de programação incentiva humilhações ao indivíduo diferente e é lamentável que ainda seja aceita como normal pelos órgãos reguladores em um país que se afirma respeitador dos direitos humanos.

Ademais, linguistas, estudiosos da história de variados idiomas no planeta, afirmam que não há um jeito certo ou errado de falar, que o importante mesmo é se comunicar de acordo com o interlocutor. Sendo assim, mesmo uma pessoa que se expressa pela norma culta corre o risco de sofre julgamentos maldosos, o que é igualmente abusurdo, visto que, diante da Constituição de 1988, todos os cidadãos devem ser tratados como iguais.

A polícia federal, por conseguinte, deveria reforçar a fiscalização dos crimes de preconceito previstos em normativa, inclusive os linguísticos, por meio de treinamento com instrução detalhada aos agentes, para que haja maior punição pelo Judiciário das prisões advindas pelos atentados à liberdade de expressão. Espera-se, assim, que mais pessoas possam desfrutar da comunicação sem o medo de serem desrespeitadas.

O preconceito linguístico é, usualmente, praticado pela classe financeira dominante sobre as menos abastadas para justificar o poder dessa sobre as demais e assim manter os meios de produção, conforme evidenciava Karl Marx. Essa realidade é ratificada em novelas da Rede Globo, que retratam o nordestino como um sujeito cômico que sempre fala errado, o que é absurdo e leva á analise das tratativas e possível solução da problemática.

Nesse viés, é significativo ressaltar a Constituição Cidadã, de 1988, que ressalta a igualdade entre todos os cidadãos e a importância do tratamento respeitoso perante à cor, raça, gênero e sexo alheio, bem como reivindica o direito à liberdade de expressão. Este é, portanto, prejudicado diante de atitudes de preconceito linguístico entre diferentes falantes, em desacordo com a realidade de um país que afirma respeitar os direitos humanos.

Ademais, segundo linguistas, estudiosos da história de variados idiomas no planeta, não existe certo ou errado quando o objetivo é se fazer entender, pois cada indivíduo se expressa de acordo com a própria escolaridade e experiência de vida. Outrossim, eles ressaltam que o importante é se comunicar de acordo com o ouvinte, pois de nada adianta um locutor da norma culta dialogar com alguém que não entende a mensagem.

O Legislativo, por conseguinte, deve proibir a veiculação de programas de televisão vexatórios contra estereótipos de falantes específicos, por meio de votação na câmara com ampla maioria, para que haja a redução do preconceito linguístico. Espera-se, assim, que menos pessoas se sintam envergonhadas de se expressar em conformidade com a sua visão de mundo e interagir com a sociedade.