Independência do Brasil: Dom Pedro I, Dia do Fico, Grito Ipiranga

Vídeo aula sobre independência do Brasil

Grito do Ipiranga. Quadro de Pedro Américo

Quando pensamos em independêndia do Brasil, costumados lembrar do famoso quadro de Pedro Américo, em que Dom Pedro I levanta sua espada, cercado de sua guarda de honra, no dia 7 de setembro de 1822. Ou, talvez, você já tenha ouvido falar que, na verdade, Dom Pedro primeiro estava numa mula, com uma comitiva pequena, vestes leves e com uma baita diarréia. Se não sabia disso ainda, pasme-se, isso tudo é, realmente, o acontecido.

Independência Brasileira: o Grito do Ipiranga
Dom Pedro I grita: independência ou morte

O quadro em questão procura tratar a história do brasil através de uma visão positivista, ou seja, foi encomendado pelo governo para representar o que seria a versão oficial do dia da independência. Este interesse da monarquia brasileira, que encomendou a obra 60 anos depois, justifica-se pelo fato de que a população do país era muito dividida, em diversos termos, na época. Haviam índios, desecendentes de portugueses diretos, brasileiros nativos e escravos, portanto, era necessário criar símbolos que enaltecessem o nacionalismo, que despertasse um sentimento em comum nos cidadãos e que, de quebra, enaltecesse a família real.

Estudos sobre a obra de Pedro Américo

Processo de independência do Brasil

A independência brasileira não é uma ruptura imediata, acontecida no dia sete de setembro; é um processo que dura anos e cujo os efeitos são sentidos pela história, um desses é, justamente, termos um dia específico comemorativo, mas o início desse processo dá-se quando a família real portuguesa veio para o Brasil, quando Dom João VI liberou o comércio daqui com outros países, coisa que, até então era proibida. Junto a isto, ele inaugurou diversas instituições, como bibliotecas e escolas, que seriam o combustível para o que viria depois.

Revolução Liberal do Porto

Com a Europa pacificada pós as guerras napoleônicas, os portugueses começaram a exigir o retorno da família real a Lisboa e o fim do absolutismo, fato que ficou conhecido como a Revolução Liberal do Porto. Assim, foram convocadas as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, na qual o Brasil teve o direito de se fazer representar por 70 deputados, quase todos nascidos na América, mas apenas 49 viajaram para Lisboa no intuito de politicar por lá a favor da “terrinha”.

A maioria dos deputados brasileiros defendiam a união com portugal numa monarquia dual, o que significava que os dois países teriam igualdade jurídica, política e administrativa e seriam regidos pelo mesmo monarca, como era no império austro-húngaro, formado em 1867, dentro do território do império austríaco. Contudo, os portugueses da Corte Geral pareciam mais interessados em instaurar uma república portuguesa que mantivesse retrocedesse o Brasil ao papel de colônia dessa.

Com a Corte Geral, praticamente, no poder em Portugal, após as guerras napoleônicas, essa determinou que a família real deveria voltar à Europa. Por isso, em 7 de março de 1921, Dom João VI nomeia seu filho mais velho, Dom Pedro de Alcântara de Bragança, como príncipe regente do Brasil e, em Abril, o rei Dom João retorna à Europa. Dom Pedro I permanece, governando a, agora, parte de cá, da monarquia dual, assim instaurada por Dom João VI para evitar qualquer questionamento de seu direito ao trono por ter abandonado a nação em época de guerrra.

Ainda em 1921, teremos dois eventos importantes: os líderes militares portugueses, no Brasil, declaram lealdade às cortes e determinam que Dom Pedro 1º demita alguns de seus ministros; no fim do ano, as Cortes ordenam a Dom Pedro primeiro retornar para Lisboa e o colocam como governador da província do Rio de Janeiro, enquanto o resto do território seria subordinado ao rei português, não mais ao príncipe regente. Acontece que, agora, como o rei era subordinado às Cortes Gerais, essa atitude não foi bem vista por outras lideranças políticas, em especial no grupo de José Bonifácio de Andrada, considerado o patriarca da independência, que se via, por isso, impelido a aproximar-se de Dom Pedro ainda mais, já que as Cortes Gerais desejavam que o Brasil voltasse a ser uma simples colônia.

O Dia do Fico

Visto que a Revolução dos Portos apresentava-se, cada vez mais, a favor de reverter o status brailsiro a, novamente, uma colônia, e o grupo de José Bonifácio de Andrada defendia uma monarquia dual, com a permanência do Brasil no império português, sendo apenas um país com certas autonomias, a tensão entre os aliados de Dom Pedro primeiro e as Cortes cresceu. Como meio de resolver este impasse, Dom Pedro I decidiu romper com a família e com as Cortes Gerais, dizendo, no dia 9 de janeiro de 1922, conhecido como o dia do fico, “como é para o bem geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”. Deste modo, preservaria o poder monárquico, mas com o título trocado para imperador, atendendo, na verdade, aos interesses brasileiros, mas jogando contra as Cortes Gerais que, depois deste ato, por ter perdido a grande colônia brasileira, perdeu moral em Portugual, o que pesaria a favor de sua família e abriria caminho para o golpe que, posteriormente, seria dado por Dom Miguel, irmão de Dom Pedro I.

O Grito do Ipiranga

Com essa rebeldia do príncipe, o general Jorge de Avilez Zuzarte de Souza Tavares iniciou um motim, que foi derrotado pela guarda real de polícia. Dom Pedro 1º mandou o general retornar para Portugal em fevereiro, nomeou José Bonifácio como ministro do reino e dos negócios estrangeiros e, em 3 de junho de 1822, decretou o chamado para uma constituinte. Mas, ao ser avisado que as Cortes queriam, novamente, tirar a autoridade dele, Dom Pedro, então na província de São Paulo, no dia sete de setembro de 1822, teria dado o famoso grito do Ipiranga: “Independência ou morte!”, às margens do riacho do Ipiranga.

Na semana seguinde, Dom Pedro primeiro chegou ao Rio de Janeiro, onde foi decidido que ele seria aclamado imperador do Brasil no seu aniversário, no dia 12 de outrubro de 1922. Mas, a separação oficial ocorreu apenas meses depois, em 20 de dezembro do mesmo ano, quando Dom Pedro 1º manda uma carta para seu pai ainda chamando-o de rei do Brasil enquanto dizia aos amigos: que “caso o rei voltasse, ele cederia a coroa”.

Guerra de independência do Brasil

De fato, não se pode comparar a história da independência brasileira com a independência da américa do norte ou com as diversas guerras da américa espanhola. Contudo, houve sim guerra de independência brasileira, que durou cerca de dois anos.

Portugal possuía uma frota marítima no Brasil e diversas guarnições de tropas leais, especialmente em pontos estratégicos da costa brasileira. Todavia, o país possui dimensões continentais, com regiões urbanas bastante dispersas e com poucas estradas interligando-as. Portanto, as tropas contrárias a Dom Pedro I estavam, principalmente, nos portos da Bahia, do Maranhão, do Pará e em Montevidéu, que ainda fazia parte da nascente nação. As que estavam no Rio de Janeiro, já haviam sido expulsas.

Batalha do Jenipapo, no Piauí

Batalha de Pirajá, na Bahia

A guerra de independência do Brasil, na Bahia, foi onde se destacou uma das figuras mais interessantes de nossa história: Maria Quitéria, que se alistou disfarçada de homem e, após ser descoberta, foi admitida nas tropas pela sua valentia, com um uniforme único, com um saiote, e foi condecorada cavaleira da imperial ordem do cruzeiro, por Dom Pedro primeiro.

A marinha na guerra pela independência do Brasil

Entretanto, apesar destas famosas batalhas pela independência brasileira, foi no mar onde a guerra da independência brasileira foi decidida.

O Brasil Imperial contava com uma marinha de mercenários britânicos, desempregados após as guerras laponeônicas, como Thomas Cochrane, e com uma marinha de navios comprados às pressas com a emissão de títulos de dívidas pelo próprio imperador.

A marinha brasileira derrotou a esquadra portuguesa após a batalha de 4 de maio de 1823, fez diversas fortificações se renderem e impediu a chegada, ou o remanejo, de tropas leais a Lisboa. Cochrane, após brigar com Dom Pedro I, por seu pagamento, foi para o Chile, onde é herói nacional e patrono da Marinha.

Em 29 de agosto de 1825, é assinado o Tratado de Amizade e Aliança entre Brasil e Portugal, em que é reconhecida a independência brasileira por Portugal e o Brasil se compromete a pagar uma indenização. A independência seria celebrada por muitos anos no dia 12 de outubro, o dia da aclamação. Todavia, o dia da pátria, promulgado como 7 de setembro, ainda por Dom João VI, no intuito de inspirar sentimentos nacionalistas quando, ainda, este aqui estava passou a ser celebrado como o dia da independência do Brasil após o reinado de Dom Pedro 1º, para termos uma data desvinculada de um indivíduo, que pudesse ser coletiva.