A Era Mauá e a fundação da república
Neste post você encontrará vídeo aulas sobre a república velha, além de notas sobre como funcionava a república do café com leite, suas revoltas, heranças e quais foram os presidentes que compuseram o governo dessa república oligárquica. Mas antes, é preciso entender o quadro anterior, liderado por Barão de Mauá e Dom Pedro, pois a primeira república brasileira foi, na verdade, uma herança deste período.
Ainda no período imperial, no Rio de Janeiro, foram instaladas as primeiras grandes rodovias, linhas telefônicas e elétricas, bondinhos e dutos de gás residencial, além da primeira fábrica. Tudo isso, feito pelo Barão de Mauá, grande inimigo de Dom Pedro e ums dos maiores defensores da república federativa.
Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de Mauá, nasceu no Mato Grosso, onde reinavam disputas territotoriais entre portugueses e espanhóis. Aos nove anos, numa dessas brigas, morreu seu pai. Como na época, o casamento era quase uma questão de sobrevivência, sua mãe casou-se novamente. Este novo marido não aceitava a ideia de criar um filho homem de outro, por isso, Irineu foi enviado ao Rio de Janeiro para trabalhar com familiares. Seu segundo emprego foi para um português.
Durante a adolescência de Irineu, praticamente não existiam leis trabalhistas. Por isso, geralmente, o empregado dormia, muitas vezes, na casa do patrão ou nas dependências da empresa e uma relação paternalista era estabelecida. Assim, abriu-se espaço para que Irineu aprendesse sobre conceitos administrativos básicos, pois logo conseguiu cargos de liderança nos empreendimentos do portuga, que, apesar da destreza nos negócios logo aprendida pelo garoto, foi obrigado a liquidar grande parte de seu patrimônio numa das inúmeras crises brasileiras.
Durante essa liquidação, Irineu negociou os bens do patrão com um dos principais fornecedores deste, um inglês muito bem sucedido. Reza a lenda, que, durante essa negociação, Irineu colocou-se como um valioso ativo para a quitação da dívida. Assim, resolveu o problema do antigo chege e entrou para uma das maiores empresas do país, já em posição de destaque.
Resumindo, Irineu tournou-se adulto e um dos homens mais ricos do império, sua fortuna era até maior que a de Dom Pedro que, por isso, tinha muita inveja. Sendo Mauá, um liberal, defensor do livre mercado, Dom Pedro posicionou-se, obviamente, como defensor de um governo grande e atuante. Neste ideal, ao invés de incentivar Mauá a liderar o crescimento nacional, espoliou-o diversas vezes até que este praticamente falisse e ficasse de fora do meio político, abrindo-se, deste modo, as portas à oligarquia agrária, que viria a constituir a política do café com leite.
República Velha: 1889 a 1930
Antes de tudo, é importante lembrar que, apesar de muitos historiadores tratarem a República Velha como sinônimo da República do Café com Leite (ou República Oligárquica), na verdade, na visão de muitos, esta última represeta, apenas, o segundo período da Primeira República, sendo o primeiro período conhecido como República da Espada, no qual militares governaram, logo após Dom Pedro II deixar o poder.
Durante o período conhecido como república do café com leite, ou República Velha, era comum, no mundo, a ideia de que era o conhecimento científico que deveria ditar as diretrizes do desenvolvimento nacional e não a vontade popular. Todavia, no Brasil, o que vingou mesmo neste período foram os interesses de uma oligaquia, em especial a representada por Minas Gerais e São Paulo, grandes produtores de queijo e café, respectivamente, daí o apelido de República do Café com Leite.
Como funcionava a política do café com leite
A pergunta como funcionava a política do café com leite tem uma resposta simples: não funcionava, pelo menos não como uma república real, como até hoje, ela era, na verdade, uma república oligárquica, o que significa que o poder, assim como atualmente, estava na mão de poucos. A diferença daquela época para a atualidade é que o poder estava ainda mais concentrado e as elites eram representadas por grandes empresários do agronegócio, no caso, do café, em São Paulo e do leite, em Minas Gerais. Daí o apelido de república café com leite.
Os presidentes brasileiros, deste período, eram revezados entre líderes mineiros e paulistas. Este monopólio quebrou-se, somente com o golpe militar que apoiou Getúlio Vargas em 1930.
Presidentes da república velha
- Prudente de Morais – presidente da República (1894-1898)
- Campos Sales – presidente da República (1898-1902)
- Rodrigues Alves – presidente da República (1902-1906) e reeleito em 1918, quando não tomou posse por estar doente
- Afonso Pena – presidente da República (1906-1909)
- Venceslau Brás – presidente da República (1914-1918)
- Delfim Moreira – presidente da República (1918-1919)- Eleito vice-presidente, assumiu a presidência com a morte do paulista Rodrigues Alves
- Artur Bernardes – presidente da República (1922-1926)
- Washington Luís – presidente da República (1926-1930), nascido no Rio de Janeiro
- Júlio Prestes – presidente da República (mandato 1930-1934; não tomou posse, pois a revolução de 1930 pôs Vargas no poder)
Conflitos e revoltas na república velha
- revolta da armada
- revolta da chibata
- revolta da vacina, no Rio de Janeiro
- guerra de Canudos, na Bahia
- revolução federalista
- guerra do acre
- sedição de juazeiro
- guerra do contestado
- tenentismo
- coluna prestes
- cangaço
- além de grandes greves operárias
Crescimento urbano durante a república do café com leite
Em 1890, o Rio de Janeiro tinha, algo em torno de, 520.000 habitantes, constituindo-se no maior núcleo urbano brasileiro. Mas, durante a chamada república café com leite, a população mais que dobrou, atingindo 1.100.000 moradores; São Paulo viu sua população multiplicada por 9 entre 1890 e 1920, foi de 65 mil habitantes para 580 mil; Belém e Manaus também cresceram muito durante a república velha, impulsionadas pelo mercado da borracha.
A explicação para o crescimento acelerado de São Paulo, durante a política do café com leite está, justamente, no fortalecimento do setor cafeeiro durante este período, principalmente no Vale do Paraíba e oeste paulista, onde grande parte dos famosos donos de mansões na paulista possuíam cafezais. O aumento da demanda por café estava ligada ao crescimento urbano europeu e americano, impulsionado pela revolução industrial, pois a cafeína é um conhecido estimulante, que possibilitava as longas jornadas de trabalho vigentes na época. No período imperial, o crescimento da lavoura cafeeira deu-se baseada na mão de obra escrava, mas durante a política oligárquica, os trabalhadores eram, em sua maioria, estrangeiros.
Dentre as principais obras feitas durante a república oligárquica, vale ressaltar a cidade de Belo Horizonte, fundada em 1897 para ser a nova e moderna capital de Minas Gerais e o teatro amazonas, em Manaus.
Nomes da República Velha
- política do coronelismo
- política dos governadores
- república do café com leite