Maria Quitéria de Jesus Medeiros. Independência da Bahia

Quem foi Maria Quitéria

História da Maria Quitéria

Maria Quitéria foi a primeira brasileira a participar de uma unidade militar nacional. Seu nome completa era Maria Quitéria de Jesus Medeiros, nasceu numa pequena propriedade rural do arraial de São José das Ipaporocas, na então província da Bahia, em 27 de julho de 1792, filha mais velha de Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, teve uma infância livre e feliz, o que mudou em 1803, quando tinha 10 anos de idade, pois sua mão vem a falecer e ela assume a tarefa de cuidar da casa.

Seu pai, depois de uma rápida união com Eugênia Maria dos Santos, que falece logo em seguida, muda-se para a fazenda Serra da Agulha, lá se casa com Maria Rosa de Brito, com quem teve três filhos. A bahiana Maria Quitéria não tinha uma relação boa com a madrasta, o que fez com que nossa futura heroína, passasse a maior parte do tempo fora de casa.

A guerra da independência na Bahia

Causas da luta pela independência Bahiana

Entre 1821 e 1822, quando se iniciaram algumas agitações contra Portugal, partiram para Salvador, tropas portuguesas, contrárias a instauração da independência brasileira, sob o comando de Inácio Luiz Madeira de Melo. Nessa ocasião, ocorreu um martírio da freira Joana Angélica, no Convento da Lapa. Em 25 de junho, a câmara municipal da Vila de Cachoeira aclamou Dom Pedro I, como o regente perpétuo do Brasil. Em resposta a essa medida, uma canhoneira portuguesa, fundada na barra do Rio Paraguaçu, alvejou a vila que comemorava o nascimento de sua pátria. Então, em 6 de setembro foi criado o conselho interino do governo provincial por cidadãos de Salvador, seu papel era enviar emissários em busca de recursos e voluntários para a criação de um exército libertador.

Maria Quitéria entra na guerra

Quando um emissário chegou a fazenda de Gonçalo, pai de Maria Quitéria, esse, viúvo e sem filhos homens, se negou a ajudar. Porém, sua filha mais velha, Maria Quitéria de Jesus, pediu autoriazação para se alistar, recebendo um não de seu pai. Isso a fez fugir de casa, partindo para a residência de sua meia irmã, Teresa Maria, mulher de José Cordeiro de Medeiros. Com a ajuda dos dois, cortou os cabelos, vestiu-se com as roupas do cunhado, foi para a Vila de Cachoeira e alistou-se no batalhão Voluntários do Príncipe Dom Pedro, com o nome de Medeiros. Duas semanas depois disso, foi descoberta por seu pai.

Tendo sido descoberta por seu pai, este obrigou-a a voltar pra casa, o que teria acontecido se o major José Antônio da Silva Casto, avô de Castro Alves, não a defendesse, em virtude de sua habilidade com armas e de sua exemplar disciplina militar a incorporasse a tropa.

Maria Quitéria oficialmente no exército

Devido a sua bravura e habilidades Maria Quitéria conquistou o respeito dos companheiros e superiores. Com isso, assumiu a sua condição feminina e não precisou mais usar roupas masculinas e em seu uniforme foi acrescentado um saiote à escocesa. Depois de sua integração oficial, sua coragem influenciou outras mulheres, fazendo com que os comandantes endetendessem que integrá-las às forças de guerra era possível. Logo, todas aqueleas que tinham vontade de defender o império, pegaram em armas e começaram a escrever suas histórias.

Uma mulher na liderança de um exército brasileiro

Em pouco tempo, com a liderança de Maria Quitéria, um batalhão feminino foi criado. Esse grupo participou de vários conflitos, como o de Bituba, ocasião em que, sozinha, Quitéria atacou uma trincheira inimiga, fez vários prisioneiros e os escoltou ao acampamento brasileiro.

Essas mulheres lutaram com água à altura do peito em cada parte do Rio Paraguaçu. Enquanto elas fugiram de casa para defender o império, nenhum filho de fazendeiro rico se apresentava como voluntário.

O fim da guerra pela independência na Bahia

Nosso imperador, Dom Pedro I, declarou a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, porém, o governo de Portugal não aceitou a medida e tropas portuguesas continuaram lutando no Brasil. Mas, em 2 de julho de 1823, a Bahia consegue sua independência e o exército libertador faz sua entrada triunfal na cidade de Salvador. Maria Quitéria foi reconhecida como heroína e saldada pela população.

Homenagens à Maria Quitéria

A mulher heroína brasileira

O general Pedro Labatut, enviado por Dom Pedro primeiro para o comando geral da resistência, conferiu-lhe às honras de primeiro cadete. No dia vinte de agosto de 1823, no Rio de Janeiro, Dom Pedro I recebeu Maria Quitéria para uma homenagem condecorando-a com a imperial ordem do Cruzeiro do Sul, com esse discurso:

Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro.

Além da comenda, Maria Quitéria foi promovida a Alferes de Linha e fez um pedido ao imperador: gostaria que este escrevesse uma carta ao Gonçalo, seu pai, para que ele a perdoasse por sua desobediência de ter fugido para o exército, o que Dom Pedro I fez de bom grado.

Já tendo recebido o perdão de seu pai depois de enviá-lo a carta de Dom Pedro I, Maria Quitéria se casou com Gabriel Pereira de Brito, um lavrador e antigo namorado, de quem engraviou tendo uma filha, Luísa Maria da Conceição.

A morte de Maria Quitéria

Já tendo enterrado o marido, Maria Quitéria, a heroína brasileira, mudou-se para Feira de Santana no ano de 1835. Lá, batalhou para receber sua parte da herança. Contudo, por causa da lentidão da justiça ele desistiu dessa de mais essa luta e voltou a morar em Salvador.

Em 21 de agosto do ano de 1853, ainda em Salvador, Maria Quitéria de Jesus, a primeira mulher brasileira militar, veio a falecer aos 61 anos, praticamente cega. Seus restos mortais encontram-se sepultados na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, no bairro de Nazaré em Salvador.